Só Um Conto...

Qualquer coincidência é mera semelhança...
Não me lembro mais qual foi o nosso começo. Sei que não começamos pelo começo. Já era amor antes de ser. (Clarice Lispector) Sentados na pedra olhando o mar, estavam acompanhados por uma alegre embriaguez só pelo fato de estarem juntos...ali... Era novembro, um final de tarde nublado, sabiam que o por de sol naquele lugar era fantástico, mas o céu estava cinza, mas isto não era importante. Talvez porque o sol brilhava-lhes por dentro. Olhavam-se não só com amor, mas com admiração... Quanto tempo haviam esperado? Agora já não importava saber, tinha valido a pena cada minuto da espera. Havia entre eles um silêncio cúmplice, a respiração era ofegante e secava-lhes a garganta a emoção que sentiam...tinham sede um do outro. Naquele momento as palavras se ditas, não teriam sentido algum, por isso permaneciam calados, conversando apenas com olhares. Tocavam-se vez ou outra, só para confirmar que não estavam vivendo em um sonho. Tinham passado o dia passeando pela cidade, visitando os pontos turísticos, mas nada se comparava à beleza que ela via quando encontrava o seu olhar. Riram muito, falaram sobre tantas coisas...agora o momento era de só de sentir, por isso dispensaram as palavras pequenas que não poderiam traduzir a grandeza de seu sentimento. Enquanto ficaram ali tiveram tudo o que precisavam...um ao outro! E eles adoravam estar juntos. Mas então, tudo se transformou em nada... Ela ainda estava ali e olhava mas não o enxergava. Como era possível? Tudo estava errado, assustadoramente errado e impreciso. Será que deveriam ter falado? Será que deveriam ter prestado mais atenção ao que não foi dito? Será porque eles quiserem ser o que já eram? E quiseram ter o que já tinham? E por estarem assim tão ligados... distraíram-se um do outro? Quando se tem o que eles tinham, não se precisa buscar por mais nada, talvez ai eles tenham se perdido, pois acreditavam que poderiam ter e ser mais do que já eram...

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