A mulher real e a hipótese de barriguinha.

(modelo Priscilla Rubino em ensaio nu artístico)

Que haja uma hipótese de barriguinha.

Essa é do mais safado dos nossos mulherólogos, Vinícius de Moraes, na sua receita de beleza feminina.

Naquele mesmo poema em que ele pede desculpas às feias –devia ter bebido pouco naquele dia.

Que haja uma hipótese de barriguinha. Nesse verso acertou em cheio. Depois de nove casamentos, o cara era um safo.

É preciso que haja, pelo menos, uma hipótese de barriguinha. Palmas, poeta.

Aquela secura de tudo, além de fora da realidade anatômica, não é apreciável.

Chega de tábua. Isso é coisa boa apenas na passarela, como mulher-cabide para os estilistas.

Que haja aquela dobrinha quando a mulher se senta. A realíssima dobrinha da fêmea. Espetáculo.

E que não fique apenas na hipótese. Que haja uma barriguinha mesmo.

Pelas mulheres reais. Sem lipo, mas com muito desejo e outras aspirações.

Todo o segredo está na capacidade de safadezas. Nunca no tamanho ou no peso.

Sem imperfeição não há tesão, que me perdoem as certinhas da praça.

E fica o mantra, pela milésima vez, à guisa de educação sentimental aos moços, pobres moços: homem que é homem não sabe, nem procura saber, a diferença entre estria e celulite.

Por Xico Sá (Jornalista e Colunista da Folha.com)

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